Capítulo 56
1173palavras
2024-01-09 19:32
A secretaria não gostou nada do que viu no rosto do patrão. O coração da mulher disparou descontroladamente, e ela prendeu a respiração por tanto tempo que começou a ficar sem ar. Um turbilhão de pensamentos com cenas horríveis pairou sobre a sua mente. O que Oliver conseguiria fazer?
— Para onde eles foram? – Olhando nos seus olhos, ameaçador, a mulher não sabia o que dizer.
— Eu não sei – a voz tremula fez Val indagar por que estava tão nervosa se não havia sido ela a cometer o erro – o senhor não acha que está exagerando?

— Eu odeio ser contrariado, tanto você quanto a Ashley sabem disso – o tom de voz estava cheio de desgosto – exagero você verá quando eu a encontrar.
A secretaria ficou assustada. Oliver podia arruinar a própria empresa se não controlasse os seus instintos. Ela não ousaria dizer a ele que o ciúme estava o cegando, Oliver jamais admitiria isso. Mas Val sabia que ele não suportava ver Ashley com outro homem.
Oliver começou a caminhar em direção ao elevador, quando Val correu atrás dele.
— O que vai fazer? – Ela percebeu a frieza nas suas feições e a firmeza na sua voz quando ele lhe respondeu.
— Vou encontrar a Ashley.
Ela tentou argumentar, convencê-lo de não fazer aquilo, mas a porta do elevador fechou-se e a voz de Val foi rompida.

Já fora do prédio, Oliver não tinha ideia de onde encontraria Ashley e Alfonso. Havia centenas de restaurantes naquela cidade e ele levarias horas ou talvez dias para vasculhar cada um deles. Já no carro, enquanto o sol se intensificava e brilhava no seu rosto pálido, Oliver fechou os olhos e tentou pensar em uma solução no meio do caos que acontecia dentro dele.
Então pegou o celular e ligou para a empresa do Alfonso. Quando a secretaria atendeu, ele disse precisar encontrar o Alfonso urgentemente. Não foi difícil convencê-la, logo a mulher deu uma lista a ele dos restaurantes, preferidos de Alfonso.
Oliver não tentou entender os motivos que levavam ele a fazer aquilo. Ele apenas ligou o motor e dirigiu, peregrinando pela cidade atrás de Ashley.
Já havia passado por dois restaurantes e nem sinal dos dois. Oliver olhou as horas no relógio e não havia passado nem meia hora que ele rondava pela cidade. Era possível que o almoço não tivesse dado certo, Ashley tivesse se irritado com Alfonso e voltado para a empresa. Antes de continuar, ligou para Val, mas Ashley ainda não havia voltado para a empresa. Voltou a dirigir em direção ao seu próximo destino. Os seus impulsos o faziam agir como um louco. Como se Ashley estivesse em perigo e precisasse ser salva. Oliver jamais admitiria odiar a ideia de ver Ashley com outro homem além dele.

Quando estava próximo do outro restaurante, ligou para Ashley, mas ela não atendeu. Aquilo o deixou mais furioso. Dirigia em uma velocidade menor do que o normal em uma pista pouco movimentada. Desviou a atenção para o celular que segurava e não viu quando a criança corria pela rua. O impacto não foi forte, mas o corpo frágil da menina foi lançado para frente, fazendo o coração de Oliver disparar descontroladamente. A freada brusca fez ele bater a cabeça no volante, cortando o seu sobrecenho. Ele não usava cinto de segurança e o acidente só não foi pior porque o carro andava devagar.
Oliver abriu os olhos e viu uma mulher correr desesperada em direção a criança. A menina se levantou como se nada tivesse acontecido e abraçou a mulher que chorava. Ele desceu do carro atordoado. Não podia culpar a criança por aquele acidente, mas descarregou a sua raiva na pobre mulher.
- Como você é inconsequente de permitir que essa criança corra no meio da rua?
Mas a mulher não conseguia dizer nada, apenas chorava, enquanto olhava os ferimentos da menina.
De alguma forma, o olhar doce da menina fez a fúria de Oliver evaporar. Os olhinhos dela cheia de lágrimas denunciava que aquilo havia doido bastante. Os seus joelhos sangravam e às mãos tão pequenas dela estavam feridas. Oliver aproximou-se cautelosamente e disse:
— É melhor levá-la para o hospital – disse, pegando a menina do colo da mulher sem nenhuma cerimônia e a levando para dentro do carro.
— Espere, senhor – a mulher correu atrás dele, aflita – o que está fazendo?
— Estou socorrendo vocês – esperou que a mulher entrasse no carro, enquanto a criança chorava silenciosamente no seu colo.
Oliver olhou para ela, tão indefesa e sentiu precisar acalmá-la. Afastou o rosto para olhá-la melhor e passou os dedos no rosto da menina, enxugando as suas lágrimas.
— Vai ficar tudo bem – ele disse, com uma voz calma.
A criança apenas balançou a cabeça.
— Eu sou o Oliver – ele se apresentou, olhando nos olhos dela – qual é o seu nome?
— Valentina – respondeu ela, com a voz embargada.
— Vou levá-la para o hospital, Valentina – sorriu para ela – logo estará bem.
Oliver colocou a menina no banco de trás e acelerou em direção ao hospital. No caminho, percebeu que a mulher que acompanhava a criança parecia inquieta, tentando falar com alguém no telefone sem sucesso. Tentou novamente ligar para Ashley, apesar do incidente ele não esquecera o que fez, mas não houve sucesso.
Aquilo estava deixando-o sem paciência. Desde que, entraram no carro o silêncio reinava. A menina, acalentada pela mulher desconhecida, já não chorava mais. Quando estacionou o carro ao lado do hospital, desceu rapidamente, voltou a pegar a menina no colo e esperou que a mulher viesse para perto dele.
— Por que estamos em um hospital particular? – Indagou, assustada – senhor, eu não tenho dinheiro para pagar.
— Não se preocupe com isso – a voz grave e lenta do homem chegou ao seu ouvido, quando ele começou a caminhar para dentro do hospital com Valentina nos braços - eu vou pagar todo o tratamento da sua filha.
— Desculpe senhor, – ela disse, enquanto se apressava para acompanhá-lo – mas eu não sou a mãe da menina. Eu sou só a babá.
Oliver parou e olhou assustado para a mulher. Ao ouvir aquelas palavras, arqueou as sobrancelhas levemente.
— E onde está a mãe dessa menina? – Aquilo deixou Oliver muito mais tenso.
Mas ele não esperou que a mulher respondesse. Quando viu um médico passando, correu na direção dele entregando Valentina para o homem desconhecido. Quando se virou, a mulher não estava mais lá.
— Precisa preencher as informações da criança – o médico lhe disse, enquanto levava a menina para dentro do consultório.
Mas Oliver não tinha nenhuma informação sobre Valentina, nem ao menos sabia quem era a mãe da menina. Passou a mão sobre o cabelo bagunçado, imaginando o quanto aquele dia estava sendo difícil. Observou ao redor do hospital a procura da mulher que cuidava de Valentina, mas a ela parecia ter desaparecido, deixando Oliver sozinho com um grande problema.