Ashley podia sentir as bochechas queimando na proporção que o olhar de Alfonso se intensificava na direção dela. Naquele momento ela se lembrou sobre o que Oliver havia alertado. Ajeitou a postura e encarou as coisas apenas como profissional. Meio segundo depois ela estava apaticamente calma.
— Se eu soubesse que traria a Ashley, já teria fechado negócio com você há muito tempo – disse Alfonso, sem perceber o quanto ele estava sendo inconveniente.
Oliver cerrou os punhos, furioso por tratar Ashley tão formalmente, como se a conhecesse há muito tempo. Os olhos dele tinha um brilho frio e profundo. Ele observou Alfonso na possibilidade de desistir daquele negócio imediatamente, quando Ashley disse:
— Lembre-se que o senhor fará negócios com o Oliver e não comigo – Ashley declarou, sem demora – eu sou apenas uma funcionária e estou aqui para ajudar.
A expressão de Oliver tornou-se serena. Ele sorriu para ela, orgulhoso.
— Sem sombras de dúvidas – o homem não parecia ofendido – devo confessar que você, Oliver White foi muito astuto em trazer a sua funcionária.
— Não confunda as coisas, senhor Alfonso – ele franziu o cenho ligeiramente, mudando a postura para algo mais amigável – eu não trouxe a Ashley para seduzi-lo, mas para convencê-lo.
Alfonso achou graça, começando a rir, confundiu a mente de Oliver.
— O que eu estou querendo dizer é que a Ashley é a minha melhor funcionaria e que o senhor vai se surpreender com a mente brilhante que ela tem.
Oliver olhou na direção dela e se deparou com um brilho diferente nos seus olhos.
— O senhor parece conhecê-la muito bem, – disse Alfonso, que observava os dois cuidadosamente – não me diga que vocês são casados.
Lançando um olhar confuso para Alfonso, Ashley rangeu os dentes. Tentou disfarçar o quanto havia ficado constrangida com aquela declaração. Um nó na garganta, seguido por um frio na barriga, quase a impediu de raciocinar direito.
— Não somos casados – Oliver respondeu, com uma pontada de decepção – mas não vimos aqui para falar sobre a minha vida pessoal. Proponho almoçarmos e depois falaremos de negócios.
Apesar de tudo, Alfonso manteve o rosto calmo. Em seguida, abaixou a cabeça, olhando as horas no relógio, levantou-a logo em seguida, olhando nos olhos de Oliver.
— Eu agradeço o almoço, Oliver, mas o meu tempo é limitado. Prefiro ir direto aos negócios, se vocês não se importarem.
Alfonso desviou o olhar para Ashley, esperando pacientemente que ela começasse a falar. O olhar do homem a deixava desconcertada. Ele tinha os olhos verde mais intenso que ela já havia visto em alguém. O seu maxilar era tão bem desenhado. Os lábios grossos, a barba por fazer. O cabelo tão bem-arrumado. Dava para perceber os seus braços fortes por debaixo do paletó. Ashley precisou desviar o olhar para os papéis que segurava, para assim não perder completamente a concentração.
Ashley entregou a ele o contrato e começou a sua palestra sobre a empresa de Oliver. As suas sobrancelhas grossas saltaram um pouco ao perceber a boa dicção e a suavidade que havia na voz dela. A sensação que dava era, que Ashley conhecia aquela empresa como se trabalhasse ali há muitos anos. O seu conhecimento era extenso, não só sobre os negócios de Oliver, mas sobre administração e gestão de empresas.
Ela falou por quase dez minutos, sob o olhar atento e admirado dos dois homens a sua frente. Nenhum dos dois ousou interrompê-la. Para quem tinha o tempo limitado, Alfonso parecia esquecer dos outros compromissos que o aguardava naquele dia. Quando Ashley finalmente terminou a sua argumentação, um longo silêncio prolongou-se entre eles, a qual Ashley não soube interpretar.
— Há quantos anos você trabalha com o Oliver? – Ele indagou, e aquela pergunta foi quase como uma labaredas de fogo consumindo Ashley.
— Há um dia – Oliver respondeu – na verdade, eu contratei a Ashley hoje.
A expressão de surpresa no rosto de Alfonso era assustadora.
— Não é possível – continuou dizendo – como uma pessoa que começou a trabalhar hoje, possui tanto conhecimento sobre você e a sua empresa?
— Foi como eu disse, Alfonso – Oliver encheu o peito de orgulho – a capacidade da Ashley surpreende qualquer um.
Alfonso abaixou o olhar para o contrato que segurava e por longos minutos a mesa ficou em silêncio, enquanto ele lia minuciosamente casa clausula. Na verdade, Oliver já vinha mantendo contato com as empresas de Oliver há alguns meses. Havia se reunidos com os sócios da empresa dele, tentando insistentemente convencê-los a fechar negócios com a sua empresa. Em vão. A empresa dele fazia-o lembrar de Anny e do seu conservadorismo. Parecia ser protegido por uma casca-grossa, onde seria preciso muita inteligência para perfurá-los.
Pela expressão no rosto de Alfonso, Ashley havia certamente conseguido.
— Alguém tem uma caneta? – Alfonso perguntou, causando uma euforia em Oliver.
Ele procurava uma caneta por todos os bolsos do seu paletó, quando Observou Ashley retirar uma da sua bolsa e entregá-la a Alfonso. As mãos deles se tocando e o brilho nos olhos de Ashley causou sentimentos estranhos em Oliver. Era nítido no seu rosto o quanto ele não gostou de ver aquela cena.
Os seus olhos estavam tão concentrados em Ashley e no deslumbre que a cobria quando olhava para Alfonso, que ele não viu o homem assinar o contrato.
Alfonso se levantou e esperou Oliver para cumprimentá-lo. Deveria haver felicidade no seu rosto, mas seu maxilar estava contraído refletindo toda a rigidez do seu corpo.
— É um prazer fechar negócio com o senhor, Oliver – um aperto de mão sacudiu o seu braço e se ramificou sobre os seus ombros.
Era possível ver um lampejo de desafio brilhando nos olhos claros de Oliver.
— Será uma grande parceria – ele forçou um sorriso – o prazer é todo o meu.
Do outro lado da mesa, Ashley tinha um sorriso satisfatório nos lábios. Ela mal podia acreditar haver conseguido. As narinas de Ashley se alargaram quando ela respirou bem fundo, quando o seu celular vibrou. Ela retirou o aparelho da bolsa e olhou para a tela. Era a baba de Valentina. O seu coração congelou com o turbilhão de pensamentos ruins que passaram pela sua mente.
Ela simplesmente virou as costas para os homens que comemoravam a aliança que faziam e foi para um canto isolado do restaurante, atender a ligação.
— Ashley – havia tensão na voz, Ashley podia sentir isso.
— Aconteceu algo com a Valentina? – Os seus olhos arregalados demonstravam que ela esperava o pior.
— A Valentina está ótima – disse ela – mas apareceu uma mulher muito suspeita hoje aqui em casa.
— Uma mulher? – Naquele momento Ashley não conseguia imaginar quem fosse – que mulher é essa?
— Disse ser sua colega de trabalho – concluiu – e que você havia pedido que ela viesse para ver se havíamos chegado bem.
Os seus sentidos dispararam descontroladamente. Um alerta de perigo ressoou na sua mente. Tinha algo de errado nessa história.
— Eu não pedir para que ninguém fosse aí – explicou, com as mãos tremulas – me diga que você não a deixou entrar na casa.
— Eu não deixei senhora – uma pausa e um longo suspiro – mas ela continua parada em frente a casa e fica olhando insistentemente para a casa.
Um calafrio subiu por sua espinha. As declarações da baba afundaram na sua mente como uma pedra pronta para esmagá-la.
— Espera – a voz tremula e o nó na sua garganta quase a impediu de falar – eu estou indo para casa.
Desligou o telefone e endireitou-se. Ela sabia que os seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas que não poderia permitir que Oliver e Alfonso a visse em desespero. Depois que recompôs a calma, voltou para a mesa, onde os rapazes a esperavam pacientemente.
— Eu estava agradecendo ao Oliver por contratar uma mulher tão espetacular como você.
Mas não havia mais aquele brilho nos olhos de Ashley ao olhar para ele e Oliver percebeu isso.
— Será um prazer trabalhar com o senhor, Alfonso – apertou a mão do homem sem entusiasmo.
— Está tudo bem, Ashley? – Oliver perguntou. As sobrancelhas dela se levantaram e os seus lábios deram um fraco sorriso.
— Eu preciso ir à minha casa – engoliu a seco, sentindo a saliva rasgando a garganta – em meia hora eu estarei de volta.
Oliver tirou uma das mãos do bolso e com a expressão confusa no rosto caminhou em direção a Ashley, levando-a para longe de Alfonso.
— Algum problema com o Ethan? – a pergunta feita em um sussurro pegou ela de surpresa. Desde quando Oliver se importava com o seu pai?
— O Ethan não mora mais em Las Vegas – disse, impaciente – eu voltei para a cidade sozinha.
Que grande surpresa! Oliver permaneceu em silêncio esperando que ela contasse a ele qual era o problema.
— Eu sei que é o meu primeiro dia de trabalho, mas eu realmente preciso ir – os seus olhos imploravam – fique à vontade para descontar do meu salário.
— Eu não farei isso – disse, desviando o olhar para Alfonso, que o observava de longe – você realizou um ótimo trabalho hoje. Vou te oferecer a tarde de folga.
— Está falando sério?
Ele balançou a cabeça, enquanto ela soltava um suspiro de alívio.
— Vamos, eu te darei uma carona – ele disse.
— Não! – o modo rápido como a palavra escapuliu dos seus lábios levantaram grandes suspeitas em Oliver – eu chamo um táxi. Eu moro do outro lado da cidade.
Ela caminhou de volta para a mesa e Oliver quase não conseguiu sair do lugar. Observava Ashley desconfiado, tentando imaginar que segredo ela escondia. Viu ela pegar a bolsa que carregava, sorri para Alfonso e ele abraçá-la afetivamente. Os seus nervos quase explodiram. Depois ela caminhou de volta na direção dele e se despediu.
Viu ela desaparecer pela porta do restaurante e logo em seguida Alfonso se aproximar para partir também.
— Nos vemos amanhã – voltou a apertar a sua mão – quero conhecer pessoalmente a sua empresa.
— Aguardarei a sua visita – ela sorriu, observando o homem se afastar.
— Aliás – ele virou-se, olhando para o Oliver pela última vez, já parado na saída – você estava certo sobre a Ashley. Ela realmente é uma mulher incrível.
Oliver engoliu todas as ofensas que estavam na ponta da língua e apenas observou, calado, Alfonso ir embora. O lado ruim dessa história é que ele teria que assistir de camarote outro homem tentando conquistar a sua ex-mulher.