A Dra. Flinn ficou mais do que feliz em vê-lo. Ela o recebeu com um aperto de mão, sabendo o quanto ele odiava abraços e contato físico com as pessoas.
Depois de conduzi-lo até um assento e servir leite a ele, ela estava pronta para ouvi-lo. Fazia muito tempo que eles dois se encontravam. Depois que a mãe dele a ameaçou sobre tornar seu filho fraco, Dra. Flinn achou que era melhor ela e Lancelot se encontrarem em segredo. Foi assim por três anos. Ainda continua sendo, ela nunca desistiria dele.
"Como você está, Lance?", ela perguntou. Sentada em um sofá confortável em frente a ele.
Lancelot se moveu para a ponta de seu assento. Só agora que ela fez a pergunta, ele percebeu como os acontecimentos dos últimos dias haviam o deixado nervoso.
"Só um pouco abalado com os pesadelos que tive recentemente", ele não disse mais nada, além disso.
Os olhos cinzentos da Dra. Flinn se estreitaram para ele.
"Você teve pesadelos de novo?"
Ele suspirou fundo, olhando para a mulher. Ela estava deslumbrante, apesar de sua idade avançada, em seu terno branco. Combinava com as paredes do seu escritório.
"Sim, esqueci de acender as luzes antes de dormir".
Ela estava cética. Ele sabia que ela não acreditava nele, mas isso não importava.
"Só isso?"
Ele deu de ombros, pousando o olhar nela.
"Sim".
"Então, qual é o problema?"
Lancelot também se perguntou o mesmo. Ele nem sabia qual era o problema. Francamente, tudo era um problema.
"Eu vi o Bran de novo. Fazia tanto tempo que ele não aparecia em nenhum dos meus pesadelos. Dessa vez foi muito assustador. Ele estava lá, de repente, ele não estava mais...", ele parou de falar para recuperar o fôlego.
Ele estava visivelmente tremendo. Subconscientemente segurando os braços da cadeira ao relembrar do seu pesadelo.
"E você tem certeza que só teve pesadelo porque você deixou a luz acesa? Lance, eu não posso te ajudar se você não me deixar".
A pergunta dela o fez ficar imóvel. Ela estava ficando muito intrometida, estava começando a irritar ele.
"Sim".
"Eu estou te perguntando isso porque o estresse mental pode contribuir pra essas coisas acontecerem. Você tem trabalhado demais? Pensando demais? Talvez você tenha visto algo... Ou alguém que desencadeou suas memórias recentemente?", ela agora estava se inclinando para fora da cadeira. Seu olhar focado e intencional se fixou nos olhos dele.
Alguém...
Lancelot não conseguia pensar em mais ninguém além dela. Seus olhos violetas e o seu perfume de lavanda.
Mas ele não quis falar sobre ela. Nem hoje, nem nunca.
"Não, talvez eu tenha trabalhado demais. Eu vou tentar ir com calma de agora em diante".
Derrotada, Flinn se recostou na cadeira. Se ele não ia contar a verdade, ela não iria forçá-lo a nada.
"Bom, então. Eu sugiro a você que se cuide melhor. Além disso, você pode levar Ziko pra uma corrida, limpar sua cabeça. Esvaziar seus pensamentos e o seu coração. Isso vai te ajudar muito".
Ele suspirou fundo. Passando os olhos ao redor da sala.
"Então corra, eu também vou".
Sua declaração fez Dra. Flinn rir. Ela conhecia Lancelot desde seus anos como um adolescente esforçado. Era incrível o quão obstinado e brilhante ele havia se tornado. Ainda assim, ele lutou com os mesmos problemas desde que era jovem. Ela só desejava poder ser mais útil nessa vida.
Mas uma coisa era certa, enquanto ele precisasse dela, ela sempre estaria ao lado dele.