Ponto de Vista de Matteo
Saí novamente da casa e, sem me virar para os meus guerreiros que lamentavam a perda do seu principal combatente, segui direto para a academia da matilha.
Já faz uma hora desde que voltamos de perseguir Lyndon. Os inimigos já se foram. Meu pai também se foi.

Não senti nenhum remorso ainda, apesar de ele ser meu pai, e de alguma forma, eu sinto um pouco de pena dele.
A culpa de ele ter se tornado assim foi da minha mãe. Talvez não totalmente, mas a falta de amor dela por ele, o tornou no homem que ele é agora.
No entanto, o estrago que ele causou na minha vida já foi feito e nunca pode ser desfeito. Minha companheira e eu estaremos para sempre neste jogo de gato e rato, enquanto eu sempre me escondo, ela busca pelas lembranças perdidas que retém a verdade.
Talvez ela não busque agora, mas eu sei que um dia ela vai, e eu tenho que ser honesto com ela antes disso. Acho que sempre vou me aprisionar na minha própria culpa, tristeza e arrependimentos.
Honestamente, não sei o que dizer a ela; que seu maldito companheiro não conseguiu recuperar o corpo do pai dela porque a montanha onde estávamos, na verdade, era vulcânica.
O corpo de Lyndon não pôde ser recuperado da lava, já que estava em cinzas. Obviamente, sou eu quem guarda segredos agora e o peso está ficando mais pesado sobre mim.

Dou um soco no saco de pancadas assim que chego. Então, acerto novamente, pois uma vez só não foi suficiente para retirar tudo da minha cabeça e sistema, nem que seja um pouco.
Estou tentando lidar com tudo que aconteceu antes. Na verdade, eu esperava contar a ela sobre tudo e, novamente, as coisas não saíram do meu jeito.
Eu nem sei mais se nós somos destinados um ao outro, pois toda vez que estou prestes a contar a ela, me afasto a 160 mil quilômetros dela.
Por que isso sempre tem que acontecer?

Solto um suspiro pesado, com suor descendo pelo meu corpo, depois de mais uma hora de treino. Descansei por um tempo, antes de voltar para casa, tomar um banho e ir para o escritório.
Eu queria verificar como Adassah estava, mas simplesmente não consigo enfrentá-la agora, não depois de tudo que aconteceu. Falhei com ela novamente como companheiro, ao não proteger nossa família, mesmo que a vitória estivesse do nosso lado.
Adassah está no quarto, com Wes a seu lado. Ela desmaiou devido à perda do pai. Só queria que houvesse algo que eu pudesse fazer, mas não havia.
Sentei-me no meu escritório um tempo depois, mergulhado no trabalho. Há uma batida na porta. "Entre", eu digo sem olhar para a pessoa à porta, concentrado no trabalho à minha frente.
"Alpha, o Dr. Omalley já realizou testes em todos os prisioneiros e todos estão livres para voltar para suas famílias. Então, já contatamos as famílias dos prisioneiros de diferentes alcateias", Jay mordiscava o lábio inferior, parecendo nervoso.
"Infelizmente, há apenas uma prisioneira de três ou cinco anos que provavelmente estava na segunda fase do experimento e não conseguimos encontrar nenhum parente dela", Jay continuou explicando e pude perceber que ele estava frustrado.
Não culpo ou me irrito com ele, pois sei que todos estão exaustos depois do ataque.
"Só temos o nome e sobrenome dela, mas não sabemos quem ela é. Nossos rastreadores fizeram o melhor, mas parece que todos os dados dela foram completamente apagados", ele concluiu com um suspiro.
Ele me entregou o arquivo e eu o abri apenas para encontrar fotos de bebê dela e o nome, nada mais.
"Você fez uma busca em todas as alcateias", pergunto, "fizemos também e até ligamos para eles, mas ninguém parece ter ouvido falar tal nome."
Continuo olhando para o nome dela no arquivo: "Holly Davis", eu repeti para mim mesmo. De repente, lembrei-me de um incidente que aconteceu 3 anos atrás, antes da derrota do rei renegado pelo Alpha Hernandez. Não sei se meus instintos estão certos, mas sei que tenho que tentar e vou contactá-los imediatamente.
"Vou cuidar disso a partir de agora, e apenas peça ao ancião Rue para ajudar a filhote e coloque-a em um quarto vago. Depois disso, você pode descansar. Agora você pode se retirar, Jay", dei-lhe um sorriso caloroso.
Assim que ele saiu, recostei-me na minha cadeira, esfregando o rosto com as mãos antes de pegar o telefone e ligar para Dante.
"Luna Daniella falando", ela atendeu e era exatamente a pessoa que eu estava esperando encontrar.
"Olá, Daniella, sou eu, Alpha Matteo". Ouço barulho e então ela começa a falar baixinho.
Ela me disse que ia chamar Dante, mas eu lhe disse que era ela que eu precisava falar, ao que ela respondeu com um "oh". Eu sei que ela tem uma sobrinha que eles têm procurado, mesmo após o ataque eles ainda procuram por ela.
Foi quando ela quase enlouqueceu antes de dar à luz, que Cameron ordenou que tudo fosse suprimido, incluindo todos os dados da criança, apesar da reprovação de Dante. No entanto, Cameron tem mais direito sobre a criança do que ele ou Daniella, já que Cameron era o pai.
Eu não sei o que realmente aconteceu, mas isso é apenas um vislumbre dos boatos que estavam se espalhando.
Eu posso não ser fã desses boatos, mas sei que esse pode ser útil, especialmente quando não é um boato, mas um fato que eu estou prestes a perguntar a ela. Então, ouvi que o nome de sua sobrinha perdida há muito tempo é Holly Davis.
"Holly Davis, você por acaso a conhece?" Eu perguntei e ela ficou em silêncio por mais vinte minutos.
Eu sei que ela ficou chocada ao ouvir o nome. Quer dizer, quem não ficaria, certo?
"É só ela?" ela pergunta novamente e eu posso ouvir ela soluçando.
"Não" Eu respondi rapidamente.
"Então você deve ter se enganado-"
Ela não terminou, pois eu a interrompi e expliquei as características da criança na foto que estou vendo. Ela não falou novamente, mas só para ser substituída por um soluço alto.
Eu escuto uma porta se abrir com força e alguém amaldiçoando alto. Eu sabia que Dante estava agora furioso e querendo matar a pessoa no telefone que fez sua Companheira chorar. Eu ia desligar quando ele gritou pelo telefone e os soluços de sua Companheira eram incontroláveis.
"Eu juro se você-"
"Corte o papo furado, eu não machuquei ela, ela só está em choque, eu acho" eu disse a ele e ele rosnou para mim pelo telefone.
"Dante"
"como é que você sabe-"
"Sou eu, Matteo" ele praguejou ainda mais antes de se desculpar depois que eu expliquei a situação para ele.
"Obrigado, Matt, e por favor, esteja informado de que vamos até lá porque eu não acho que ela queira adiar o encontro com Holly"
"perfeito então vamos esperar pela sua chegada" Desliguei o telefone e comecei a sair do escritório.
Fui ver Adassah que ainda está na cama sem acordar. Peguei Wes que já havia acordado e fui para o andar de baixo. Depois de alimentá-lo, contatei Jay para saber em qual quarto ele deixou o jovem filhote antes de eu ir até lá com Wes nos braços.
Observei enquanto a jovem filhote morena brincava com brinquedos. Um fio de cabelo dela estava atrás da orelha. "Como ela está?" perguntei a Rue que estava sentada na cadeira perto dela.
"Bem Alpha e melhor do que esperávamos", ela respondeu.
"Alfa, eles estão aqui", um dos guerreiros me informou através das mensagens "guiem eles até aqui e diga ao Evan para trazer o arquivo que está na minha mesa"
Depois de um tempo, ouvi passos e então Cameron entrou e foi direto para o filhote, apenas para ela morder a mão dele e rosnar para mim. Ela rosna e se coloca na postura de defesa, ela está definitivamente atenta.
Daniella, que vinha fungando, veio à frente "Holly" ela a chamou e então fez um sinal com as mãos que fez a criança choramingar mamãe antes de pular em seus braços.
Daniella a abraçou como se sua vida dependesse disso e começou a beijar toda a cabeça do filhote.
"Obrigado Alpha Matteo" Cameron manifestou sua gratidão "sempre bem-vindo a qualquer momento Alpha Cam, mas tudo isso é graças ao meu Beta e aos guerreiros". Virei para Dante "então, estou confuso, se ela é?" Apontei para Daniella
"Holly é sobrinha dela" disse Dante.
"e o sinal que ela fez é um gesto de amor e só a família sabe disso" explica Cameron.
Chamei o Dr. Omalley para verificar o filhote novamente antes de ela sair com Dante e sua Luna.
Ouvi gritos vindos do quarto de Adassah. Corri até lá segurando Wes firmemente em meus braços. Coloquei-o gentilmente em seu berço antes de me voltar para a agitada Adassah que continua pedindo em seus sonhos para seu pai não a abandonar.
Claramente seus pesadelos agora a aprisionaram em seus sonhos e na realidade. Puxei ela para meus braços com uma lágrima furtiva esperando que amanhã seja melhor para ela.